quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tipos x Gêneros

O quadro a seguir, baseado nos estudos de Antônio Marcuschi, é bastante eficiente quando se quer distinguir tipos textuais de gêneros textuais:

Fonte: http://www.cintiabarreto.com.br/didatica/generostextuais.shtml

Tipos textuais Gêneros textuais
Designam uma seqüência definida pela natureza lingüística de sua composição. São observados aspectos lexicais, sintáticos, tempos verbais, relações lógicas. São os textos materializados encontrados em nosso cotidiano. Esses apresentam características sócio-comunicativas definidas por seu estilo, função, composição, conteúdo e canal.
Narração
Descrição
Argumentação
Injunção
Exposição
Carta pessoal, comercial, bilhete
Diário pessoal, agenda, anotações
Romance
Resenha
Blog
E-mail
Bate-papo (Chat)
Orkut
Vídeo-conferência
Second Life (Realidade virtual)
Fórum
Aula expositiva, virtual
Reunião de condomínio, debate
Entrevista
Lista de compras
Piada
Sermão
Cardápio
Horóscopo
Instruções de uso
Inquérito policial
Telefonema etc.



Encontrei no Colóquio unilateralmente sentimental, livro de crônicas escritas por Manuel Bandeira entre os anos de 1962 e 1963, o seguinte texto:


Palavras inúteis



As palavras não têm a expressão que se quer.

Não conseguem nem vagamente traduzir

O que no coração vive a gente a sentir

Por uma incerta e incógnita mulher.

Uma mulher que custou tanto a vir

E quando veio fez de um poeta um homem qualquer,

Uma mulher que o pensamento anda a seguir

aonde for, esteja onde estiver,

Por quem sinto minh'alma reflorir

Sem dela pretender uma esmola sequer.



Mas não posso esconder. Esconder é mentir.

Meu silêncio é que pode, se quiser,

Sem palavras inúteis, repetir

O que n'alma me vai por aquela mulher.


Não pude ter dúvidas de que se trata de uma crônica, embora esteja certa de que é um poema. Foi proferida, num programa de rádio do Ministério da Educação e Cultura da época, como uma crônica. Escrita com toda a ternura do poeta, que não pôde deixar de sê-lo nem quando se embrenhava em outros trabalhos. Palavras inúteis é a única crônica que não é precedida de texto anterior ou posterior, o que reforça ainda mais o seu caráter duplo de poesia - crônica. Estas Palavras inúteis revelam a voz de uma simplicidade não pretenciosa daquele que se intitulava "poeta menor", mas que para mim, concordando com José Paulo Paes, é não menos que um poeta enorme.


Por Rafaela Santana



MAIS INTERTEXTUALIDADE INTERGÊNEROS

Identificar a intertextualide intergêneros nem sempre é cômodo, mesmo porque, às vezes, definir qual seja determinado gênero torna-se uma tarefa um tanto difícil. Para que seja reconhecida a intertextualidade, é preciso que haja uma evidente relação entre gêneros distintos, essa relação sempre é de interdependência, ou seja, aspectos funcionais e aspectos formais concorrem para o surgimento de um determinado texto. Veja-se este por exemplo: "...Pegue duas medidas de estupidêz/ Junte trinta e quatro partes de mentira/ Coloque tudo numa forma untada previamente com promessas não cumpridas/ Adicione, a seguir, o ódio e a inveja/ dez colheres cheias de burrice...( RUSSO)". O trecho acima é parte de uma música - Os anjos - de Renato Russo. Logo o gênero música mantém uma relação de interdependência com o gênero receita, ocorrendo assim, a intertextualidade intergêneros. Por outro lado, alguém que só tenha acesso à letra escrita poderá, tranquilamente, considerá-la do gênero poesia. Com esse exemplo, objetivamos evidenciar a dificuldade de se reconhecer a qual gênero pertence determinado texto.
Antônio Miranda, 10/12/09.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

UM POUCO DE TEORIA

Os gêneros textuais surgem da necessidade de comunicação entre os seres humanos, ou seja, no momento em que precisamos nos comunicar, precisamos também, regular nosso discurso, adequá-lo à necessidade comunicativa imediata. Certamente, não apresentamos uma música quando o professor nos exige um artigo acadêmico, tampouco, não conquistamos nossos parceiros recitando notícias jornalísticas. Assim como também há necessidade, às vezes, de adequar nosso discurso para modalidade oral ou escrita, a depender do nosso objetivo ou da exigência do contexto. Cada situação comunicativa, levando em conta o suporte, o contexto, o destino e o objetivo, exige tipos específicos de organizaçao textual, e essa organização se dá por meio dos gêneros textuais. Como sabemos, as necessidades comunicativas se ampliam a cada dia, com o advento de novas ciências e tecnologias, as possibilidades comunicativas precisam acompanhar esse desenvolvimento, fazendo surgir, então, novos gêneros discursivos. Veja-se os diversos gêneros presentes na internet, uma tecnologia relativamente nova: o blog, o e-mail, o MSN, orkut e o twitter.

Antônio Miranda, 09/12/09.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Os Gêneros da Crônica

No livro Crônica da casa assassinada, do escritor mineiro Lúcio Cardoso, nos deparamos com a situação de uma família que está se desmoronando por conta de uma seqüência de acontecimento resultantes de um grande mistério. Se no livro as personagens parecem respirar por alcovas escuras e desesperadas, a casa se mostra esplêndida e se revela como o grande personagem principal.

O grande destaque inovador da obra é o modo como ela é escrita. Para termos acesso a todas as intrigas e acontecimentos, temos de adentrar à intimidade das personagens e ler seus escritos íntimos, como diários, cartas, bilhetes, testamentos, dentre outros. E é aí que vemos uma verdadeira salada de Gêneros textuais. Um livro que recebe como título a descrição de “Crônica”, tem o seu narrador escondido em meio aos escritos pessoais. Para resolver esse mistério é necessário adentrar nessa mistura e dar forma a esse quebra cabeça.

Leiam !


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

INTERTEXTUALIDADE INTERGÊNEROS

UAU!!! QUE BICHO É ESSE ?

Veja o exemplo e tente dizer de que se trata .

Ex. :

Texto 1

Notícia: Final Feliz


"Após receber o rim da mãe, Anna Paula Reinelt Marques deixou o hospital ontem. A mãe teve de escolher quais das três filhas iria receber o órgão".

fonte: Folha de São Paulo, 5 mar. 2005.




Texto 2

Final Feliz?



Ingredientes:

  • 3 filhas com grave problema renal, que há quatro anos fazem diálise e esperam um órgão na fila de transplante;
  • 1 mãe que possui apenas dois rins e, deste modo, apenas um disponível para transplante;
  • 1 hospital do rim, na Vila Mariana, Zona Sul de São Paulo;
  • 1 médico especialista em transplante de rim;
  • 1 equipe de apoio para este médico.

Modo de fazer:

  1. pegue as filhas, leve-as ao médico e faça-as descobrir a grave doença, deixe-as em banho- maria.
  2. Pegue então a mãe e dõe a notícia a ela, dizendo também que ela terá de escolher a qual das filhas doará seu rim, reserve.
  3. Pegue novamente as filhas, dê também esta notícia a elas.
  4. Este procedimento causará grande ebulição de sentimentos (angústias, ansiedade, tristezas, etc...), espere então que esfrie.
  5. Coloque as quatro para que decidam juntas qual das filhas receberá o rim.
  6. Aguarde um certo tempo para que elas se resolvam, enquanto isso vá juntando o dinheiro necessário para o transplante.
  7. resolvido? Então leve a mãe e as filhas ao Hospital do Rim e faça com que encontrem o médico e sua equipe.
  8. Entre então com a mãe e uma das filhas na sala de cirurgia.
  9. Faça o transplante e deixe as outras duas filhas esperando na fila do transplante.
  10. retorne, então, com a filha transplantada e a mãe para casa, e leve as outras duas filhas para o hospital fazer diálise.
  11. Final feliz?
autora: Júlia Portela, aluna do curso de comunicação e multimeios da PUC - SP


Momento de discussão....


  1. Em sua opinião, Comparando o texto 1 e 2 , qual ou quais gêneros textuais assumem cada um deles?
  2. Podemos dizer que o texto 2 é um exemplo de intertextualidade intergêneros. Em sua opinião, como pode ser definida a intertextualidade intergêneros?



Aluna: Carla Mendes

Gêneros textuais

A emergência dos estudos sobres gêneros textuais, ou gênero discursivos, para alguns, e sua importância na produção, organização e eficiência dos mais diversos campos discursivos justifica a produção e manutenção deste blog. Ainda, apresentar-se-ão alguns conceitos vigentes para gênero e tipo textuais, que serão tomados de empréstimo de alguns dos mais relevantes teóricos desse campo, bem como, exemplos e usos desses modos de organização linguística, que são os gêneros textuais.

Antônio Miranda, 06/12/2009

Toda comunicação implica um texto

De acordo com José Carlos de Azeredo (2006) as verdadeiras unidades de comunicação entre duas ou mais pessoas não são as palavras e sim os textos. Os textos são unidades de santido e comunicação e a forma como eles se apresentam é decisiva para o sentido que lhe apresentamos.

Os diferentes formatos que os textos assumem para ser pertinentes e funcionais são chamados de gêneros textuais.


CONHECENDO OS GÊNEROS TEXTUAIS...

Uma lenda e uma receita culinária são dois gêneros textuais bem distintos, cada qual tem um formato que o torna um texto próprio para um certo fim.


ALGUNS EXEMPLOS PRÁTICOS DE GÊNEROS TEXTUAIS DIFERENTES:

  1. RECEITA CULINÁRIA

2005518_9195_0.gif

Ingredientes

- 1 cebola grande
- 1/2 pimentão verde
- 1/2 maço de coentro pequeno
- 2 tomates sem sementes e com pele
- 1,5 kg de quiabo bem picado
- 200 g de camarões médios, frescos e descascados
- 250 g de bacalhau dessalgado, desfiado e cozido
- 700 ml de água
- suco de 1/2 limão
- 200 ml de azeite de dendê (pode por mais ou menos azeite)
- 1 colher (sopa) de amendoim sem casca, torrado e
triturado
- 1 colher (sopa) de castanha de caju triturada
- 6 colheres (sopa) de farinha de camarão defumado seco
(obs: bater o camarão defumado seco no liquidificador e
depois peneirar)
- Sal a gosto
- Pimenta malagueta picada (opcional)

Modo de Preparo

Num processador (ou liquidificador), coloque 1 cebola grande, 1/2
pimentão verde, 1/2 maço de coentro pequeno e 2 tomates sem

sementes e com pele.
Bata e reserve.

Numa panela, coloque 1,5 kg de quiabo bem picado e os temperos
acima.
Coloque a panela no fogo médio e acrescente 200 g de camarões
médios, frescos e descascados e 250 g de bacalhau dessalgado,
desfiado e cozido.
Acrescente cerca de 700 ml de água e deixe ferver por mais ou

menos 1h ou até o quiabo ficar macio.

Obs.: para tirar a baba do quiabo, coloque suco de 1/2 limão e vá
retirando a espuma que se formar, neste momento.

Junte, aos poucos, 200 ml de azeite de dendê (pode colocar mais
ou menos quantidade).
Depois, coloque 1 colher (sopa) de amendoim sem casca, torrado e
triturado, 1 colher (sopa) de castanha de caju triturada e 6

colheres (sopa) de farinha de camarão seco.
Acerte o sal e coloque pimenta malagueta picada (opcional).
Sirva com arroz branco.

  • Categoria: Acompanhamentos
  • Comida: Brasileira
  • Tempo de Preparo: 1h30min
  • Tipo de Preparo: Cozidos



2. ANÚNCIO PUBLICITÁRIO






domingo, 6 de dezembro de 2009

Metalinguagem e fronteiras textuais

Não poderíamos deixar de alertar nossos caros visitantes que uma das propostas deste blog é fazer uso da metalinguagem. Obviamente, o blog faz parte do vasto campo de estilos textuais de que se tem conhecimento até então.

A questão a ser discutida é: quais características fazem do texto "aquele texto" e quais recursos nos permitem separar em categorias tais "mosaicos".


Se até este próprio blog que se descortina sob seus olhos, digníssimo leitor, se trata de modesto trabalho acadêmico, teremos, afinal, rígida divisão de estilos?

Eis algumas das classificações mais atordoantes: narrativa poética e poema em prosa. Alguém capaz de apresentar-nos conceitos rigorosamente distintos de ambos?

Em breve, discussões exemplificadas

Ellen Joyce