Encontrei no Colóquio unilateralmente sentimental, livro de crônicas escritas por Manuel Bandeira entre os anos de 1962 e 1963, o seguinte texto:
Palavras inúteis
As palavras não têm a expressão que se quer.
Não conseguem nem vagamente traduzir
O que no coração vive a gente a sentir
Por uma incerta e incógnita mulher.
Uma mulher que custou tanto a vir
E quando veio fez de um poeta um homem qualquer,
Uma mulher que o pensamento anda a seguir
Vá aonde for, esteja onde estiver,
Por quem sinto minh'alma reflorir
Sem dela pretender uma esmola sequer.
Mas não posso esconder. Esconder é mentir.
Meu silêncio é que pode, se quiser,
Sem palavras inúteis, repetir
O que n'alma me vai por aquela mulher.
Não pude ter dúvidas de que se trata de uma crônica, embora esteja certa de que é um poema. Foi proferida, num programa de rádio do Ministério da Educação e Cultura da época, como uma crônica. Escrita com toda a ternura do poeta, que não pôde deixar de sê-lo nem quando se embrenhava em outros trabalhos. Palavras inúteis é a única crônica que não é precedida de texto anterior ou posterior, o que reforça ainda mais o seu caráter duplo de poesia - crônica. Estas Palavras inúteis revelam a voz de uma simplicidade não pretenciosa daquele que se intitulava "poeta menor", mas que para mim, concordando com José Paulo Paes, é não menos que um poeta enorme.
Palavras inúteis
As palavras não têm a expressão que se quer.
Não conseguem nem vagamente traduzir
O que no coração vive a gente a sentir
Por uma incerta e incógnita mulher.
Uma mulher que custou tanto a vir
E quando veio fez de um poeta um homem qualquer,
Uma mulher que o pensamento anda a seguir
Vá aonde for, esteja onde estiver,
Por quem sinto minh'alma reflorir
Sem dela pretender uma esmola sequer.
Mas não posso esconder. Esconder é mentir.
Meu silêncio é que pode, se quiser,
Sem palavras inúteis, repetir
O que n'alma me vai por aquela mulher.
Não pude ter dúvidas de que se trata de uma crônica, embora esteja certa de que é um poema. Foi proferida, num programa de rádio do Ministério da Educação e Cultura da época, como uma crônica. Escrita com toda a ternura do poeta, que não pôde deixar de sê-lo nem quando se embrenhava em outros trabalhos. Palavras inúteis é a única crônica que não é precedida de texto anterior ou posterior, o que reforça ainda mais o seu caráter duplo de poesia - crônica. Estas Palavras inúteis revelam a voz de uma simplicidade não pretenciosa daquele que se intitulava "poeta menor", mas que para mim, concordando com José Paulo Paes, é não menos que um poeta enorme.
Por Rafaela Santana
Nenhum comentário:
Postar um comentário